quarta-feira, 22 de julho de 2009

Limariedades


- O IVA de um preservativo é 5%. O IVA de uma cadeirinha de automóvel, obrigatória para quem tem filhos até aos 12 anos, assim como o das fraldas descartáveis, é 21%.

- No exame final de 12º Ano, és apanhado a copiar, chumbas o ano; o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa e mandou por fax e é engenheiro.

- Um jovem de 14 mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal; um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica.

- A uma família a quem uma casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra o Estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme pode; 6 presos que mataram e violaram idosos numa sela de 4 e sem WC privado, não estão a viver condignamente e associação de direitos humanos faz queixa ao Tribunal Europeu.

- Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal; constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.

- Se o teu filho não tem cabeça para a escola e, com 14 anos, o pões a trabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração do trabalho infantil; se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe.

- Se um cidadão fuma num local proibido, é multado sem apelo nem agravo; o primeiro-ministro fuma num avião, a pena é dizer que vai 'deixar de fumar'.


mumia

terça-feira, 21 de julho de 2009

Outras precupações (des)necessárias

No jornal asemana online pode-se ler Carlos Veiga, ex-primeiro-ministro de Cabo Verde, profere ao final da tarde de hoje, no Porto, uma conferência sobre “Diáspora cabo-verdiana e o Estado da Democracia em Cabo Verde”.

Esta conferência foi promovida pela Associação do Caboverdeanos Norte de Portugal(ACNP), o que acontece pela segunda vez num período de dois meses como se o objectivo desta associação é "propagandear" actos políticos. Continuo indignado com certas associações que passam vidas a fazer campanhas em prol dos partidos políticos esquecendo os problemas dos imigrantes como: direitos, integração, discriminação, burocracias, exclusão social, desemprego, xenofobias etc. Foi menos de dois meses que esta mesma associação promoveu "Constituição, diáspora e direito na participação política", caramba, até parece que estamos em plena campanha eleitoral em CV. Até quando este pessoal vai ter vergonha na cara para deixar de usar nome de associação para fazer "política de camaleão"? Estou farto destes pseudo-políticos, pseudo-associações, lambedores de botas, "propangandeadores" e companhia limitada! Estou farto!

O caboverdeano politiza tudo, estou farto!
OSLIMARIAS20090721

sábado, 18 de julho de 2009

Efeito Ratatui


Por falar em fotografias, hoje tive uma reacção muito estranha. Depois de uma semana sem dormir bem, finalmente tive o merecido descanso. Dormi até às 11h( coisa rara), liguei a TV deparei com o jogo de basquetebol Cabo Verde vs Portugal a completar o calendário de mais um dia de Jogos da Lusofonia sob lema "União mais forte que a vitória". Com aquela preguiça toda, só tive o tempo para almoçar( já que não tive tempo para tomar o pequeno almoço), voltei a cair num sono profundo vendo apenas a primeira metade do jogo de basquetebol Brasil vs Angola que começou depois do jogo de Cabo Verde.

Não estou aqui para falar em jogos, lusofonia ou fodas e o caralho. Estou cá para falar em fotografia. Quando voltei a acordar por volta das 20h comecei logo a ver telejornal( que raio de terra é esta? Parece que não têm notícias, só falam em crise, governo e o gripe A, estou farto!). Então liguei o messenger comecei a vasculhar os contactos e encontrei o meu amigo Miguel. Já não falávamos a bué de tempo, sempre que falamos, temos algo bom ou de novo para discutir. Falamos sempre abertamente sobre homens, religiões, política, sociedade e muito mais. Como sabia que ele tem a paixão pela fotografia, comecei a falar com ele sobre a fotografia, ele mandou-me passar pela sua página, já não recordava da página porque dias atrás tive que formatar o PC por causa dos malditos vírus. Gentilmente ele enviou-me o link, dei uma vista de olhos nas várias fotografias que lá estão, de repente encontrei esta:

Sei pouco ou nada sobre a arte. O importante é o que esta fotografia provocou em mim. Vendo directamente a fotografia vem logo na minha mente o edifício da FEUP, ao observá-la com mais atenção pude ver que não é. Ao ver as vidraças pude notar o céu e as nuvens maravilhosa que parece o céu de Cabo Verde mas não o é. Fiquei estranho e parado por um tempo. Veio num instante milhares de coisas na minha mente como: FEUP, Cabo Verde, os edifícios, o sol, o mar, Portugal, o frio, terra, "bufa-bufa", o homem com óculos, mulher de olhos grandes, corte de papel, minha infância, enfim, milhares de coisas que me faz viver Cabo Verde e Portugal, cidade e campo, tudo ao mesmo. Como disse o Protágoras "o homem é a medida de todas as coisa", por isso permita-me Miguel dizer que esta fotografia, "não é uma fotografia", é um retrato, um sentimentos verossímil de viver o campo e a cidade, um retrato, uma arte e um sentimento uno das várias realidades vivido por um homem entre dois países ou regiões diferentes. Como custuma dizer o meu amigo " Kel fotu la dan Ratatui!".

Um grande abraço!

OSLIMARIAS 20090718

Foto: Pedro Sá Correia

domingo, 12 de julho de 2009

Parafraseando

O nosso primeiro ministro disse a dias que «Já não somos os flagelados do Vento Leste», mas sim somos um PDM, uma Nação Global com os olhos postos no Nosso Futuro que é a Nossa Certeza.

Eu diria que somos os flagelados dos nossos governantes que sem eira e nem beira caminhamos para um futuro incerto.

Pergunto:
Um PDM em que há pessoas no interior das ilhas que passam um mês sem ganhar 1$
?
Um PDM em que há concelhos com pessoas a viverem na extrema pobreza?
Um PDM sem/com um planeamento básico ou deficiente?
Um PDM sem a competitividade nos sectores públicos?
Um PDM...?

Poderia estar aqui a fazer milhares de perguntas sobre um PDM, o que não rima com o nosso estado de desenvolvimento. Um PDM deve-se sobretudo ao desenvolvimento sustentável a nível pessoal, social e cultural. Cabo Verde ainda está muito longe de atingir um desenvolvimento médio, o triste de tudo isso é ver que muitos caboverdeanos estão limitados a CV devido à falta de meios, acreditando de que somos o melhor ou um dos melhores da África, quando na verdade somos um dos piores. Pessoal, o meu apelo é para não ficarmos adormecidos e acríticos. Devemos dar o maior e melhor de nós mesmos para um CV melhor, não acreditando em certas fantasias e ilusões, pesquisando, procurando ser o melhor no que somos, com vista ao desenvolvimento de um CV que é nosso e para os nossos filhos. Devemos pensar que CV não é meu e nem dele mas sim nosso, por isso devemos construir um CV de caboverdeanos e para os caboverdeanos inserido num mundo desenvolvido e globalizado.
Cabo Verde não é só dos políticos, médicos, engenheiros ou advogados, é também das peixeiras, agricultores, pedreiros e das nossas vacas e cabras.
Sei que desenvolvemos muito após a independência mas não chega o que temos feito até aqui para um mundo que temos hoje.

É preciso fazer mais e melhor, Cabo Verde conta com apoio de todos nós!


sexta-feira, 10 de julho de 2009

O ANTI-ALUPEC

Dei uma vista de olhos nos comentários dos defensores do ALUPEC, cheguei a conclusão de que para eles, aqueles que não simpatizam com a política da implementação/imposição do ALUPEC são:

  • Agentes do colonialismo;
  • "Cão de dois pés"(?) - Katxor di dos pé;
  • Bairristas ou regionalistas doentios;
  • Anti-libertadores;
  • Alienados;
  • Anti-patriotas;
  • Anti-nacionalistas;
  • Neo-colonialistas etc.
Enfim, para eles todos aqueles que não concordam com esta "casta" do alfabeto, têm os argumentos falaciosos. Tenho pena das seguintes palavras: cão, alienados, patriotas, nacionalista, colonialismo, liberdade, património, falacioso, desinformados, etc porque estão a usá-las a torto e direito. Como costumam dizer na minha zona " Djes fazes kalsinha di bisti na kasa". O triste disso tudo é que algum deles começou a inventar palavras para o dicionário português. Inventaram a palavra ESTREBELIM.
Fico por aqui!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Provérbio

Não é que este seja um motivo para não concordar com a oficialização do crioulo de CV(pelo menos ainda), os guineenses que provavelmente começaram a falar o crioulo como os caboverdeanos*, falam português como os caboverdeanos e em termos populacionais eles são muito mais de que os caboverdeanos. Nem por isso, eles acham que são mais africanos ou europeus do que nós ou culturalmente dependente dos colonialistas só porque o crioulo da Guiné não é oficializado. Vou fazer uma pequena adaptação do crioulo guineense para o crioulo caboverdiano mas com o Alfabeto Português:

Crioulo da Guiné:
  • Baga baga ka ta kata iagu, ma i ta masa lama
  • Baka ki ka ten rabu, Deus ta banal
  • Baka misti korda, i ka tenel, kabra tenel, tok i na rasta
  • Bardadi i suma malgeta: i ta iardi
  • Bariga i ka ta kosadu ku laska di kana
  • Bariga ka fila ku arus, ki-fadi miju
  • Bariga pode debu o debu ma bu ka ta toma faka bu rumpil
  • Bianda di kaleron ka ten dunu
  • Bianda sabi ka ta tarda na kabas
  • Bunitasku di iagu salgadu i bunitu, ma i kansadu bibi
  • Bu purba liti, bu pidi baka
  • I ka ten sabi ku ka ta kaba
  • Kabra tene barba, ma baka ki si garandi
Crioulo de Cabo Verde:
  • Baga-baba ca ta cata agu, más é ta massa agu;
  • Baca qui ca ten rabo Deós ta banal;
  • Baca méste corda, é ca tenel, cabra tenel, é ca ta rastal;
  • Verdade é sima malguéta: é ta ardi;
  • Bariga ca ta cossado cu casca de cana;
  • Bariga ca fila cu arrós, qui fâri cu midjo;
  • Bariga pode duebu ó duebu ma bu ca ta toma faca pa bu rompil;
  • Bianda de calaron ca ten donu;
  • Bianda sabi ca ta tarda na cabas;
  • Bunitesa de agu salgadu é bunito, ma é cansado bêbi;
  • Bu purba lête, bu pide baca;
  • Ca ten sabi qui ca ta caba
  • Cabra teni barba ma é baca que é si grande

Não vou ser anti-patriota, "Katxor di dos pé, catchor de dós pé" ou agente do colonialismo só porque não concordo com a política da oficialização do crioulo.

*começaram a falar o crioulo como os caboverdeanos: mistura do português com a língua indígenas dos escravos

mrvadaz 20090709

terça-feira, 7 de julho de 2009

Homenagem ao Kutxs


Como diz o ditado, tudo tem um começo e um fim mas OSLIMARIAS não vai acabar nunca. O Múmia está nos nossos corações para sempre. Hoje é o dia de homenagearmos o Kutxs pela sua excelente contribuição. Terminou o seu curso e vai a sua vida. Neste post vamos publicar uma esquema do seu trabalho final do curso e cabe a nossa equipa desejar-lhe as melhores sortes para a vida futura.




quinta-feira, 2 de julho de 2009

ALFABETU KABUVERDIANU II

Bem, começo por dizer nesta última opinião sobre o ALFABETU KABUVERDIANU que para um caboverdeano lúcido, ele sabe perfeitamente que o ALUPEC não é uma língua, muito menos o Badio e que a sua oficialização não vai extinguir ou desoficializar português da nossa sociedade. Todos sabemos que com o ensino decadente do português que temos, a oficialização do crioulo sem as devidas precauções, vai ser uma ameaça ao português para as futuras gerações em Cabo Verde. O ALUPEC é uma “casta” do alfabeto criado supostamente para a escrita da língua caboverdeana e que devido às suas limitações não é aceite pela sociedade caboverdeana. Também sabemos que o “k” é filho de Deus como qualquer outra letra no mundo assim como o β(beta), π(pi), Ω(ómega) etc e que qualquer alfabeto no mundo pode receitar a vitamina C ou escrever os símbolos químicos. Os “sientistas” caboverdeanos disseram que o ALUPEC é o único modelo de alfabeto estruturado para a escrita de qualquer variante, isto é, os variantes de Santo Antão à Brava e até falaram na sua economia, para mim isto não é nenhuma revelação porque todos nós sabemos que o Alfabeto Português faz exactamente as mesmas coisas. Até aqui o ALUPEC não traz nada de novo e continuo a perguntar para quê escrever o português com “k” e “s”, fingindo que estão a escrever o crioulo? Digo isso porque nos textos que ja li escritos no ALUPEC, estão gramaticalmente estruturados em português, isto é, estão lá o português chapadinho, camuflado com “k” e “s”, o que não traduz o pensamento crioulo. Além disso, trás certas palavras que nem o meu pai utilizou, neste caso a palavra “pabia”. Desafio publicamente qualquer santiaguense (digo isso por achar que a expressão é típica da ilha de Santiago) da década de 80 a dizer se alguma vez ele(a) utilizou ou utiliza esta palavra no seu dia-a-dia. Se realmente os defensores do ALUPEC sonham em fazer a tal ponte referido com as outras ilhas, deveriam perceber que a língua evolui e não devem regredir para escrever no tal alfabeto.

São um conjunto de argumentos ardilosos que os defensores do ALUPEC utilizam para impor esta “casta” do alfabeto que eles criaram. Fizeram propagandas em todos os meios sociais e não explicaram aos caboverdeanos que este assunto não diz respeito só a esses grupos que se julgam senhores dos nossos destinos mas sim a todos os caboverdeanos. Portanto, não é preciso só os 2/3 dos deputados mas sim um consentimento de 2/3 da população, com um referendo e devidas informações prévias para toda a camada social sobre o assunto. Só assim os caboverdeanos terão condições de livremente decidirem usar ou não o ALUPEC como o modelo para a escrita do crioulo caboverdeano.
Fizeram propagandas em entrevistas, nos “ensaios”, nos programas, nas reuniões etc e esqueceram de dizer aos caboverdeanos que o ALUPEC:

  1. Apresenta ambiguidade. Onde já se viu um alfabeto onde o “c” tem som de “k” em que as pessoas serão livres de escrever os respectivos nomes com C (Cabral) ou com K (Kabral). Se temos nove variantes, em qual delas vai ser escrito os livros ou a nossa constituição e os boletins oficiais para poderem ser ensinados livremente nas escolas? Numa altura em que reclamamos que o Ministério da Cultura não tem nenhuma capacidade para realizar as actividades x ou y devido a uma expectativa muito grande em matéria da cultura, este mesmo ministério tema capacidade de cobrir toda a matéria em questão do ALUPEC. Ambíguo ou suspeito? A isso chamo capricho dos “sientistas”;
  2. Argumentos tretas. Eu sou um patriota e defensor do crioulo. Falo crioulo de Santiago, de Maio e um pouco de Fogo e São Vicente, percebendo bem os restantes de todas as ilhas. O facto de eu não simpatizar-me com o ALUPEC por não achá-lo adequado para a escrita do crioulo, não implica a minha falta de ética ou algum sentido de patriotismo. Se o caboverdeano não sentiu libertado com a implementação da democracia nos anos 90, não é o ALUPEC que nos vai libertar desta jaula. Sempre sentimos culturalmente independente de qualquer outra nação e somos falantes do crioulo e português, o facto de o crioulo não ser oficial não tira liberdade a ninguém;
  3. Extrapolações exageradas. Todos nós sabemos nunca haverá uma uniformização fechada quanto a um qualquer alfabeto porque a língua é viva (excepto o latim que é considerado uma língua morta). Por isso em momento algum devemos comparar o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa com o ALUPEC porque são duas realidades distintas. No Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa não se estabeleceu nenhuma suposta ponte de ligação entre os países falantes do Português, apresentaram propostas concretas para um acordo ortográfico com um prévio estudo dos cientistas. Não fizeram propagandas dos estudos dos “sientistas” e nem foi imposta;
  4. • Demagogia paranóica. Além das várias suposições (não apresentaram os estudos) em torno das variantes e suas influências na padronização do crioulo de Cabo Verde, andam a confundir língua caboverdeana com a identidade e valorização do património material e imaterial da Cidade Velha. Parece que ainda não compreenderam que todos amamos o crioulo das ilhas de Santo Antão à Brava, o problema é que nem todos gostam do ALUPEC e que este facto não tem nada a ver com a nossa identidade e muito menos com o património material e imaterial da Cidade Velha;
  5. • Mal-entendido. Não é só o barlavento que se reserva em matéria de oficialização do ALUPEC, é o sotavento também. Todos nós gostaríamos de ter o crioulo padronizado e oficializado ao seu tempo e da forma adequada. O que não queremos é a oficialização do ALUPEC que não identifica e nem é digno de ser considerado um instrumento para a escrita do crioulo caboverdeano. Agora eu pergunto, oficializar para padronizar ou padronizar para oficializar? O facto de não haver ainda um alfabeto alternativo ao ALUPEC não lhe dá o direito e nem a legitimidade de ser considerado ALFABETO CABOVERDEANO.